Wednesday, December 26, 2007

Harmonia


Rosa, em pintas, linhas, num padrão irrepetível sobre um fundo verde.
Aveludado, tão suave ao toque dos meus dedos. Pequenas pétalas assimétricas num pentágono imperfeito, como se de borboletas se tratassem, livres, voando.
No centro, como uma mão estendida, convidativa, o labelo.
Flor após flor até otão, num ciclo decrescente, como se um novo futuro, quase como se um novo mundo, esperasse suspenso na ponta de cada caule, para desabrochar. Por toda a volta do caule se mostram, como querendo ver o mundo de todo o lado.
O caule principal longo e tão verde que quase irradia um brilho esmeralda, mas curvando gentilmente para a direita, parecendo as flores belos pássaros em descanso.
Na realidade são dois os caules principais, quase despidos de folhas. Estas escondem as suas raízes de tão longas e largas, espessamente vertendo do vazo, como se tentando tocar o solo do solo de onde nascem. Possuem delgadas e elegantes nervuras percorrendo-lhes o corpo, nutrindo-as e levando alimento ao resto da planta. A contraluz parecem o mais intrincado e delicado bordado do mais precioso fio.
As suas raízes, grossas e de um pálido verde, mergulham na terra escura, desaparecendo em busca da fonte de nutrição, da origem da vida.

É assim a orquídea que tenho no meu quarto.

Um pedaço de harmonia e beleza sobre um fundo azul...