
Frio...Frio...Tenho frio...E as minhas pernas continuam a caminhar, as botas enterrando-se fundo na neve. Branco...É tudo o que vislumbro à minha volta.Tranquilo...puro...como uma superfície única, lisa, compacta. Eu caminhando, avançando e a paisagem permanecendo inalterada: os mesmos passos fundos atrás de mim, os mesmos picos de gelo ao longe brilhando, o mesmo momento uma e outra vez...Um passo.Um passo.Um passo.
Pequenas nuvens de vapor se formam e elevam à minha frente. Tento respirar com calma, mas não demasiado profundo...Essas nuvens são calor e vida que preco a cada respiração.
Estou insensível a tudo, menos ao frio que penetra por todas as frestas da minha roupa. É aquele vento forte que se levanta, sem obstáculos que o impeçam de correr pela superfície plana e imaculada do norte.
Continuo a mover-me, sempre, sem destino, seguindo apenas uma linha recta, pois não tenho forças para mudar de direcção...Sigo, na esperança de que algum dos meus companheiros me onsiga encontrar. Pelo menos dois dias passaram desde a tempestade de neve em que me perdi deles; com certeza que teriam pedido ajuda e agora me procuravam...A menos que como eu se tivessem desviado do acampamento, cegos pela neve que nos fustigava o rosto e o medo do frio e agora caminhassem, como eu, sem rumo, tentando simplesmente sobreviver, sobrevivendo na esperança de serem salvos por alguém...talvez por mim...